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Gerry Lopez Pipeline 1977 | Team Bolt
Na passagem dos anos 60 para os 70, os surfistas havaianos foram contagiados e influenciados pela Shortboard Revolution.
Nat Young agitou o mundo com o seu “Total Involvement” surf. As pranchas estavam cada vez mais curtas, leves e rápidas. No Havai, as mini-guns, leves e com narrow-backed pintails, completamente diferentes das elephant guns de 3 metros que dominaram os anos 60, marcaram uma nova fase. Surgiu um novo estilo de surf. As mini-guns permitiram aos surfistas chegar onde nunca tinha sido possível: mais deep e backdoor na Pipeline e mais alto no lip da praia Sunset.
Mas um surfista em particular começava a destacar-se como ninguém: Gerry Lopez. Com 1,72m e 61kg, Lopez parecia voar nas ondas da Pipeline e parecer fácil qualquer manobra. As imagens e artigos sobre Gerry Lopez multiplicavam-se. Tom Curren sistematizou tudo o que se dizia e sentia sobre Lopez: “é como deixar uma flecha voar”. Na Pipeline, Gerry Lopez representava um surf cool e tranquilo, numa época em que o desporto estava a ressurgir e a ser levado para um nível mais underground.
Reno Abellira’s Quiver 1975 | Mike Armstrong Pipe 1976 | Ian Cairns At Sunset 1975 | 70's Shaun Tomson Quiver 1976
Os surfistas mais autênticos sentiam-se incomodados com a influência que a cultura mainstream tinha exercido sobre o surf durante a década de 60. De repente, ao entrar nos anos 70, não era cool ser cool ou ter visibilidade. Mas Lopez era uma exceção. O mundo estava hipnotizado com a naturalidade, poder e beleza com que Gerry Lopez e a Pipeline se relacionavam. O estilo e a fisionomia alemã/japonesa tinham a sua parte de encanto, mas o que estava sob os seus pés era tanto ou mais fascinante.
Matt Warshaw, ex-surfista profissional e editor da revista Surfer, autor de dezenas de artigos e livros sobre a cultura e história do surf, em The Encyclopedia of Surfing descreveu a influência de Gerry Lopez como uma figura central/divina:
“Lopez foi o surfista mais filmado da sua geração - uma sequência prolongada de Gerry Lopez na Pipeline fazia parte de quase todos os filmes de surf produzidos entre 1971 e 1978, incluindo Morning of the Earth (1972), Five Summer Stories (1972), Going Surfin’ (1974), Super Session (1975), Tales from the Tube (1975) e In Search of Tubular Swells (1977)”.
GERRY LOPEZ PIPELINER 1975 | RORY RUSSELL & GERRY LOPEZ
Lopez precisava de pranchas de surf tão ágeis e rápidas quanto ele. Assim, pelos anos 70, juntou-se ao experiente gerente da Line Hawaii, Jack Shipley, para criar uma loja de elite para os melhores surfistas e shapers do Havai. O símbolo era o raio - o Lightning Bolt -, que representava a energia: a do surf havaiano, mas também a energia física e artística necessária para ir mais longe com as pranchas. Fazer o que nunca tinha sido feito.
Gerry, BK, Reno e Tom Parrish, considerados os shapers mais influentes da Lightning Bolt, eram os melhores surfistas, a criar as melhores pranchas, para os melhores surfistas: “era uma honra trabalhar para a Lightning Bolt”, afirma Tommy Nellis. “Era um lugar muito democrático. Aceitavam as tuas pranchas, desde que estas fossem aceites pelo público. Se as tuas pranchas não vendessem, não importava quem eras. Apreciavam a consistência e, naquela época, no negócio das pranchas de surf, era fácil ser consistente”.
O resultado foi a energia. Gerry Lopez dropping in na Pipeline ou o power-hula do Barry Kanaiaupuni na praia Sunset: o logótipo da Lightning Bolt reverberou por todo o Havai para, logo depois, ressoar no Pacífico e em todo o mundo. Uma combinação de talento autêntico, timing e marketing perfeitos de um produto necessário.
Na origem da Lightning Bolt estiveram as guns havaianas, com uma conceção e estética inigualáveis. Esta era uma nova era no surf, que estava a mudar de forma rápida e profunda. No free surf e na competição - como era o caso do recente Pipeline Masters, cuja organização começou por ser apenas uma mesa de cartões e megafone em 1971 – a evolução estava a ser incrivelmente rápida. Conforme os meses e temporadas avançavam, as pranchas e os surfistas iam melhorando. A Lightning Bolt tornou-se omnipresente.
Retro Ad From The 70’s | Wayne Rabbit Bartholomew 1975
A ESTRATÉGIA DE MARKETING ERA SIMPLES: COLOCAR UMA PRANCHA LIGHTNING BOLT NOS PÉS DE TODOS OS GRANDES SURFISTAS E UMA QUIVER NOS SEUS CARROS.
Esta foi uma estratégia simples que funcionou. Na primeira metade da década de 70, o logótipo da Lightning Bolt estava em todo o lado: em anúncios, editoriais de revistas e, sobretudo, nos grandes ecrãs.
Nem todos tinham a oportunidade e dinheiro para viajar para o Havai e comprar uma prancha Lightning Bolt, ou as skills necessárias para surfar a Pipeline, Sunset e Waimea Bay. Assim, e apesar do core da Lightning Bolt serem as pranchas, em meados dos anos 70 a empresa introduziu uma nova oferta de produto: o vestuário. A intenção inicial era produzir calções de banho práticos e confortáveis para surfar, bem como t-shirts. Mas o mundo precisava de sentir a energia da Lightning Bolt e a linha de roupa rebentou como se se tratasse de uma onda na Pipeline.